Quais tendências do mercado para ficar de olho? Quais profissões e skills serão mais valorizadas em 2023? Confira!
Data
15 fevereiro 2023
Quais tendências do mercado para ficar de olho? Quais profissões e skills serão mais valorizadas em 2023? Confira!
Prestes a começar mais um ano letivo cheio de aprendizados, ideias e projetos inovadores aqui no Istituto Europeo di Design, decidimos avaliar o que vem por aí no mundo da Moda. Para entender mais sobre esse que é um dos maiores mercados do mundo, conversamos com as coordenadoras dos cursos de Moda do IED para ter alguns insights importantes e assim nos preparar para os desafios de 2023.
Quais as tendências de mercado devemos acompanhar em 2023? Quais profissões estão em alta nessa temporada e quais as principais skills os profissionais da área devem desenvolver?
Para responder a essas perguntas, conversamos com as professoras Kátia Lamarca e Juliana Lopes do IED São Paulo e Yamê Reis, da sede carioca.
A cadeia produtiva da Moda é uma das mais importantes para a economia mundial. Pensar em novas ideias para a Moda é também encarar seus desafios e propor soluções que estejam alinhadas às boas práticas de mercado.
Kátia Lamarca, Mestre em Têxtil e Moda e coordenadora do curso de Graduação em Design de Moda, espera que em 2023 possamos evoluir como coletivo e com responsabilidade sócio-ambiental. “Isso inclui ter mais coerência entre discurso e prática mercadológica”, explica. “Compreender que a natureza e o ser humano são interdependentes e interligados, abraçar a diversidade de forma efetiva ao longo de toda a cadeia produtiva, dando lugar de destaque não apenas no editorial de moda, mas também por trás das lentes, das mentes pensantes e gestoras da moda.”
As marcas devem compreender seu papel dentro do todo e seu potencial de mudança, chamando a si a responsabilidade que lhes cabe, sejam elas pequenas, médias ou grandes. Para isso, é importante “rever o conceito de competição mercadológica, transformando-o em cooperação mercadológica”.
“Espero que o conceito de resiliência, tão focado na produção empresarial, dê lugar ao conceito de regeneração, que tem foco no que é vivo e fala sobre se reorganizar a partir da adversidade, aprendendo e reestruturando as dinâmicas, de forma funcional e avante”, conclui.
Yamê Reis, Executiva de Moda, idealizadora do Rio Ethical Fashion e coordenadora dos cursos Design de Moda (One Year) e Processos Criativos em Moulage (Extensão) espera que 2023 sirva para consolidar “marcas que tenham como propósito a diversidade, transparência da cadeia produtiva e que privilegiem o uso de fibras naturais e estratégias de Design, como o upcycling” – processo que consiste na utilização de produtos, peças e resíduos na criação de novos artefatos, com funcionalidade diferente da original.
Para Juliana Lopes, jornalista (UOL, FFW, Vogue Brasil, Elle Brasil e Harper’s Bazaar Brasil) pesquisadora de tendências e coordenadora dos cursos Marketing e Comunicação de Moda (pós) e Fashion Styling (One Year), “não existe ‘a moda’, existem ‘as modas’”. Ela acredita que “é esperada uma customização de estilos para públicos-alvos específicos. Cada coleção, evento e marca faz sentido num mundo diferente, com momentos diferentes, mas que estão sempre em busca de ideias que trazem originalidade e sejam capazes de expressar sua verdade”.
Leia mais
Questões como inclusão, diversidade e sustentabilidade entraram na pauta há anos, mas ainda devem crescer e se consolidar com mais profissionalismo e potência, atingindo discursos de marcas cada vez maiores.
Para Kátia Lamarca “as exigências de transparência e responsabilidade sócio-ambientais devem continuar crescendo. O olhar atento às materialidades que compõem os produtos, visando menor impacto, será fundamental, necessário e promissor. Enquanto o olhar da moda no século XX trazia diferenças mais claras de formas e moldes das peças de roupa, o século XXI possui mais abertura para que as formas coexistam, e a inovação migra para outros locais, como a matéria-prima. Seja buscando fontes naturais e regenerativas de fibras, fios e tecidos, ou até mesmo pelo aproveitamento do que já existe fabricado no ambiente (upcycling).”
Yamê Reis também encontra aí uma forte tendência para 2023. “A diversidade e a responsabilidade sócio-ambiental, que devem estar baseadas na experiência do cliente. Mentes diferentes pensando de formas diferentes, trazendo bagagens culturais e emocionais diferentes, que fazem com que a empresa consiga mapear melhor os clientes e trazer os pontos que fazem sentido para que ele tenha uma ótima experiência”.
Como abordagens expoentes, Kátia vê surgir “movimentos independentes de artistas e comunicadores ‘não profissionais’, não atrelados a marcas, que começam a se enveredar por este universo.” Para mencionar alguns exemplos, ela cita Necoda Matthew, um jovem dos EUA que traz o upcycling como "estilo de vida" e conta na internet como fabrica suas peças a partir de outras roupas; e o Quêbrada À Porter, uma dupla de jovens periféricos que falam de moda em poucos minutos, com uma linguagem “com cara de amadora e não relacionada a uma marca diretamente”, mas que vem ganhando muito espaço entre jovens e adolescentes que gostam de moda.
Outro ponto que destaca, no qual se percebe um grande campo de expansão, é a tecnologia. “Imagino que 2023 será o ano da tecnologia na Moda! A Inteligência Artificial utilizada em diferentes áreas do setor, do desenvolvimento à comunicação, como por exemplo de IA para desenvolvimento de produtos”. Entre os exemplos mencionados, a coordenadora citou a Nike, que está apostando fortemente nisso com um conceito de tênis da Marvel gerado pelo Mid Journey (software de geração de imagens por IA). Além disso, podemos conferir diversas ideias de produtos (bolsas, casacos, calçados e outros acessórios) no perfil Design MidJourney, todos projetados pela ferramenta de IA. “E ainda existe a IA aplicada a textos, que devemos ver por aí em campanhas publicitárias, aplicada ao Marketing e Comunicação, com postagens e interações das marcas de moda, feitas por Inteligência Artificial, como o fotógrafo de Moda Jacques Dequeker e o Studio Hol, que tem criado diversos avatares para Moda”
“A automação é uma tendência muito forte para os negócios de moda”, afirma Yamê Reis. “O time de colaboradores da empresa deve conhecer profundamente os clientes, sabendo suas necessidades, o seu desejo e saber como conseguir suprir os desejos desse cliente da melhor forma possível, sempre equilibrando a automação com a humanidade”.
Inscreva-se nos cursos One Year e Extensão:
Juliana Lopes dá destaque para profissionais prestativos, que sejam capazes de se adaptar às diversas situações. Para o profissional que atua dentro do universo da moda, é indispensável exercitar habilidades que ajudem a transitar em diferentes núcleos, como prestatividade e proatividade. De acordo com Juliana Lopes é preciso ter “mais visão de parceria e menos visão de concorrência”.
“A prática da comunicação não violenta e a linguagem inclusiva” são pontos de destaque levantados por Yamê Reis, que reforça que “marcas precisam aprender a se comunicar adequando sua linguagem aos novos valores sociais”.
Com profissões cada vez mais plurais e transversais, Kátia aposta no perfil profissional e nas competências e habilidades a serem desenvolvidas por quem deseja trabalhar com moda. Assim, ela as divide em duas vertentes:
Competências e Habilidades Técnicas: os profissionais precisam ser plurais e transitar entre campos do conhecimento distintos, construindo pontes e conexões. Um profissional, para atuar com sucesso na cena da moda contemporânea, pode ser demandado de conhecer fundamentos principais de tecnologia, de fabricação digital, de design em sentido amplo, de artes, gestão, marketing, mídias sociais, etc. Não necessariamente este profissional irá executar papéis nestas áreas de conhecimento, mas será um elo fundamental para conectar outros profissionais em equipes multidisciplinares, em prol de um produto/serviço a ser entregue ao cliente/usuário.
Competências e Habilidades Sócio-Emocionais: quanto mais a tecnologia avança, mais necessária será a competência sócio emocional. O que nos diferencia, neste momento, das máquinas, é a capacidade de lidar com outro ser humano de maneira empática, colaborativa, resiliente e afetuosa. Sendo assim, o autoconhecimento, a autoconsciência, saber lidar com as próprias emoções e acolher as emoções do outro (individual ou coletivamente) já são, e serão sempre mais, fatores de destaque e permanência profissional em diversas áreas, inclusive na moda. O espaço para "grandes gênios da moda", mas que não sabem lidar com funcionários, que não estão abertos ao aprendizado contínuo e que possuem surtos criativos e glamourosos, típicos no senso comum do que é ser um estilista, está cada vez menor (ainda bem!).