A Experiência do Usuário (UX) assume um papel crucial, garantindo que produtos e sistemas sejam projetados com foco nas necessidades e satisfação dos usuários.
Data
07 março 2024
A Experiência do Usuário (UX) assume um papel crucial, garantindo que produtos e sistemas sejam projetados com foco nas necessidades e satisfação dos usuários.
À medida que novas tecnologias surgem e se desenvolvem em um ritmo acelerado, as profissões relacionadas às disciplinas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) ganham cada vez mais destaque. No entanto, por trás de cada avanço tecnológico, há um objetivo fundamental: atender às necessidades das pessoas. É nesse contexto dinâmico que a Experiência do Usuário (UX) assume um papel crucial, garantindo que produtos e sistemas sejam projetados com foco nas necessidades e na satisfação dos usuários.
Nesta exploração sobre a importância da UX na era digital e suas tendências futuras, contamos com insights valiosos de profissionais que se destacam nesse campo:
Cinthia Ruiz, com sua vasta experiência como gerente de Produto e Design do e-commerce do Grupo Casas Bahia, traz uma perspectiva única, fundamentada em sua trajetória acadêmica e profissional em Design e UX Research. Renata Zilse, cuja carreira inclui experiências marcantes na Samsung Eletrics e na CI&T, oferece uma visão abrangente sobre a interseção entre tecnologia, design e experiência do usuário, destacando a importância de tornar as experiências digitais significativas para as pessoas. E Luiz Agner, reconhecido designer e pesquisador, que enriquece nossa discussão com seus insights sobre a evolução da UX, especialmente no contexto das mudanças tecnológicas e das demandas da sociedade contemporânea.
Este artigo busca proporcionar uma visão abrangente sobre o estado atual e o futuro da UX, destacando sua relevância em um mundo cada vez mais digital e tecnologicamente avançado.
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User Experience (UX), ou experiência do usuário, é uma disciplina multidisciplinar que estuda a interação entre os usuários e produtos ou serviços. Segundo Cinthia Ruiz, trata-se do esforço para garantir a satisfação do usuário com o menor esforço cognitivo, físico e de tempo possível. Renata Zilse complementa, destacando que a UX visa compreender as necessidades, dores, hábitos e expectativas das pessoas em diferentes contextos, buscando resolver questões de forma significativa e contínua.
A relevância da UX na concepção de produtos e serviços é incontestável e a atuação na área é essencial para o desenvolvimento de soluções efetivas, capazes de encantar e fidelizar os usuários. Luiz Agner, autor do livro “Ergodesign e Arquitetura de Informação: Trabalhando com o Usuário”, reforça essa importância ao definir a UX como o conceito "guarda-chuva" que engloba todas as atividades relacionadas ao projeto de interfaces e interações homem-máquina.
Ao longo do tempo, o conceito de UX evoluiu em paralelo com o avanço tecnológico e as mudanças nas necessidades dos usuários. Desde os primórdios da computação até os dias atuais, com a popularização dos smartphones e a integração de tecnologias como inteligência artificial e assistentes virtuais, a UX tem acompanhado essas transformações. A influência de figuras como Don Norman, autor de "The Design of Everyday Things", e a definição de padrões de usabilidade pela ISO contribuíram significativamente para o desenvolvimento do campo.
Além do meio digital, a UX encontra aplicações em uma variedade de contextos e setores, impactando diretamente a vida das pessoas. Cinthia Ruiz destaca que os conceitos de UX podem ser empregados em produtos físicos, ambiente construído e qualquer serviço ou experiência offline. Isso inclui áreas como saúde, bem-estar, varejo e turismo, buscando sempre proporcionar satisfação, segurança, conforto e atendimento às necessidades das pessoas com qualidade de vida.
Renata Zilse amplia essa visão ao mencionar que a UX considera a relação das pessoas não apenas com produtos digitais, mas também com máquinas, produtos físicos, embalagens e até mesmo relações de espaço e processos. Com o crescente avanço tecnológico, a inclusão, o acesso e a preocupação com a humanidade tornam-se fundamentais para a construção contínua do futuro do planeta.
Luiz Agner enfatiza que a UX se estende a setores como saúde, varejo, financeiro e automotivo, influenciando diretamente a usabilidade e a satisfação do cliente. Empresas como Apple e Airbnb são exemplos de excelência em UX, integrando design intuitivo e funcionalidades centradas no usuário em seus produtos e serviços.
Dentre os setores que se destacam pela ênfase em UX Design, Cinthia destaca tecnologia, e-commerce, instituições financeiras, saúde, turismo e educação. Renata complementa, mencionando que consultorias foram as pioneiras na contratação de profissionais de UX, porém, ao longo do tempo, empresas detentoras de produtos passaram a internalizar o UX Design, entendendo sua importância estratégica para os negócios. Para exemplificar a excelência em UX, ela cita produtos como iPhone, Airbnb, Google Maps e Netflix, reconhecidos por suas interfaces intuitivas e experiências de usuário centradas no usuário. Renata adiciona empresas como Apple, Volvo, Firstbit e produtos como Oura Ring e a experiência de atendimento do Hospital Albert Einstein como exemplos de excelência em UX em diferentes mercados e contextos.
A adoção de práticas de User Experience (UX) por parte das empresas enfrenta uma série de desafios, conforme apontado por Cinthia Ruiz. Um dos principais obstáculos é a necessidade de romper a cultura organizacional para priorizar as necessidades dos usuários em equilíbrio com a estratégia de negócios. Investir tempo e recursos no processo de Discovery, utilizando métodos de pesquisa para embasar decisões, também se destaca como um desafio. Além disso, a falta de métricas claras para medir o retorno sobre o investimento (ROI) torna difícil justificar os gastos em práticas de UX.
Para Renata Zilse, os desafios incluem a formação de equipes multidisciplinares, a capacitação de profissionais em UX, o destaque estratégico da área dentro das empresas, a definição de processos eficientes e a presença de uma liderança inspiradora e comprometida.
Luiz Agner ressalta a importância da UX na economia contemporânea, na qual a experiência se tornou o principal diferencial competitivo para as empresas. Ele destaca que a UX desempenha um papel central nessa nova economia conectada, convidando os consumidores a interagir e vivenciar sensações relevantes e memoráveis.
Quanto à evolução do mercado de trabalho para especialistas em UX, observamos um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado pela crescente demanda por produtos e serviços centrados no usuário, especialmente com a digitalização acelerada durante a pandemia. No entanto, a migração de profissionais de outras áreas para o campo de UX, sem a devida formação e experiência, tem gerado uma especialização excessiva em determinados aspectos da prática, o que pode não ser adequado para lidar com a complexidade dos sistemas atuais.
O mercado de trabalho na área está em expansão, com a inclusão de brasileiros na economia conectada. Agências de publicidade, produtoras e grandes portais estão incorporando UX designers em suas equipes, enquanto instituições e empresas de todos os tamanhos voltam-se para a pesquisa e inovação em UX.
Quanto às competências mais valorizadas em um profissional de UX, Cinthia fala sobre a capacidade de trabalhar em equipe, equilibrar as necessidades do usuário com as estratégias da empresa e dominar os processos de UX. Renata enfatiza a importância da curiosidade, criatividade e pensamento sistêmico, e Luiz complementa, mencionando as soft skills, como comunicação interpessoal, empatia, habilidade em pesquisa, negociação e liderança, além das competências técnicas.
À medida que a tecnologia avança e as demandas dos usuários evoluem, a área de UX continua a se transformar, abraçando tendências emergentes que moldam o futuro da disciplina.
Algumas dessas tendências, incluindo o design inclusivo, novas formas de interação baseadas em texto, gestos e voz, o uso de algoritmos de machine learning para personalização e recomendações, e a crescente preocupação com ética e sustentabilidade no design. A inovação e a tecnologia desempenham papéis cruciais na evolução contínua da UX. Elas abrem novas possibilidades de interação e personalização, economizando tempo e melhorando a eficácia da experiência do usuário.
No futuro próximo, a tendência é que as diferentes especialidades, como UX, UI e Product Designer, se fundam em uma única disciplina de Profissional de Experiência, como prevê Renata. Esses profissionais terão uma base sólida em design, ergonomia, usabilidade, tecnologia da informação, psicologia cognitiva e análise de dados.
Luiz Agner vislumbra um futuro no qual a internet das coisas e a ubiquidade computacional transformarão radicalmente a interação entre humanos e tecnologia. Ele destaca o surgimento dos metaversos, ambientes digitais onde os usuários interagem por meio de avatares, e a importância contínua dos pilares conceituais da UX, independentes das tecnologias específicas. Em um mundo cada vez mais complexo, o papel do profissional de UX evoluirá para além das habilidades técnicas convencionais.
No horizonte da UX, espera-se um campo vibrante, desafiador e repleto de oportunidades para profissionais que buscam moldar o futuro da interação humano-tecnologia.
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