A COP (Conferência das Partes) é o principal fórum internacional para discutir as mudanças climáticas. Descubra sua origem, seus principais marcos e como ela molda o futuro do planeta.
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28 outubro 2024
A COP (Conferência das Partes) é o principal fórum internacional para discutir as mudanças climáticas. Descubra sua origem, seus principais marcos e como ela molda o futuro do planeta.
A crise climática está entre os maiores desafios que a humanidade enfrenta hoje, e as respostas são discutidas em fóruns internacionais como a Conferência das Partes (COP). Desde sua criação, a COP tem sido palco de debates intensos sobre como os países podem, coletivamente, reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mitigar os impactos das mudanças climáticas e buscar soluções sustentáveis. Este artigo mergulha na história, nos objetivos e nos principais desafios da COP, além de examinar como suas decisões têm influenciado as políticas globais de combate às mudanças climáticas.
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A COP, ou Conferência das Partes, é o encontro das nações que fazem parte da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), criada em 1992. A conferência é realizada anualmente com o objetivo de avaliar o progresso nas ações climáticas e revisar as metas acordadas pelas partes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A cada nova reunião, novos compromissos são assumidos pelos países, com o objetivo de intensificar as ações climáticas.
A UNFCCC, que deu origem à COP, foi estabelecida na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992, com a adesão de 197 países. Esse tratado histórico reconheceu que a mudança climática é um problema global, com impactos que transcendem fronteiras e que exige uma ação coordenada. A COP, que ocorre desde 1995, se tornou o principal mecanismo para discutir e atualizar os esforços globais para combater o aquecimento global.
Durante as reuniões da COP, os países negociam ações sobre temas como a mitigação das mudanças climáticas, adaptação a seus impactos, financiamento para transições verdes e mecanismos de transferência de tecnologia. A participação é ampla, envolvendo não só governos, mas também ONGs, empresas e movimentos sociais, tornando a COP um evento diversificado e repleto de interesses, onde diferentes visões do futuro do planeta são debatidas.
O principal objetivo da COP é buscar soluções globais para a mudança climática. Isso inclui a criação de metas ambiciosas para a redução das emissões de gases de efeito estufa e a implementação de políticas que incentivem o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis. Cada COP é uma oportunidade para os países reverem seus compromissos climáticos, avaliar o progresso e decidir os próximos passos para mitigar os impactos climáticos.
Além da mitigação, a COP também foca na adaptação às mudanças que já estão ocorrendo. Países vulneráveis, especialmente os em desenvolvimento e as pequenas ilhas, estão na linha de frente dos impactos climáticos, como o aumento do nível do mar, secas e tempestades extremas. A COP, portanto, trata não apenas da redução de emissões, mas também de ajudar esses países a se adaptarem às consequências inevitáveis das mudanças climáticas.
Outro objetivo crucial é a mobilização de financiamento para o combate às mudanças climáticas. Durante as conferências, é comum que se discutam mecanismos para garantir que países desenvolvidos ajudem financeiramente os países em desenvolvimento a lidar com os impactos climáticos e a realizar suas próprias transições para economias de baixo carbono.
A origem da COP está profundamente conectada com o movimento global de conscientização sobre as mudanças climáticas que começou a ganhar força no final do século 20. A ciência já alertava para os perigos do aquecimento global, mas foi na Cúpula da Terra de 1992 que líderes globais, pela primeira vez, se comprometeram a trabalhar coletivamente para enfrentar esse desafio. Naquele evento histórico, em que nasceu a UNFCCC, foi decidido que a comunidade internacional deveria se reunir regularmente para discutir o progresso e ajustar as metas climáticas, dando origem à COP.
O primeiro encontro da COP ocorreu em Berlim, em 1995, onde as bases para futuras negociações começaram a ser estabelecidas. Um dos primeiros grandes marcos foi o reconhecimento de que as metas climáticas, até então, eram insuficientes para frear o aumento da temperatura global. Isso levou à criação de uma plataforma para que futuros acordos mais rigorosos fossem negociados. Assim, começou uma jornada que até hoje molda a política ambiental global.
Desde sua primeira edição, a COP evoluiu e se tornou uma arena não apenas de discussões políticas, mas também de colaboração entre cientistas, ONGs, empresários e a sociedade civil. A crescente visibilidade da conferência ao longo dos anos mostra a importância de envolver todos os setores da sociedade na luta contra as mudanças climáticas. Sem essa coordenação global, seria muito mais difícil promover ações concretas em grande escala.
Algumas edições da COP ficaram especialmente marcadas por decisões significativas que moldaram a política climática global. Um exemplo é a COP 3, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. Nessa conferência, foi criado o Protocolo de Kyoto, que estabeleceu metas obrigatórias de redução de emissões para os países desenvolvidos, sendo o primeiro acordo global desse tipo. Embora não tenha sido perfeito e tenha enfrentado resistências, o Protocolo de Kyoto foi um passo essencial para avançar a agenda climática.
Outro marco importante foi a COP 21, realizada em Paris, em 2015. O Acordo de Paris, que emergiu dessa conferência, foi amplamente celebrado como um momento de virada na diplomacia climática global. Diferentemente do Protocolo de Kyoto, o Acordo de Paris incluiu todos os países, desenvolvidos e em desenvolvimento, e estabeleceu como meta manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C, com esforços para limitá-lo a 1,5°C. Foi um compromisso ambicioso que colocou a responsabilidade em todas as nações.
Além desses marcos, outras COPs também se destacaram por discussões sobre financiamento climático, justiça social e a inclusão de mais vozes, como a da juventude e dos povos indígenas, no debate global. Essas edições ajudaram a tornar a COP não apenas um espaço de negociação técnica, mas também de pressão social e ativismo.
O Acordo de Paris, firmado durante a COP 21, é considerado uma das maiores conquistas diplomáticas da história recente. Pela primeira vez, quase todos os países do mundo concordaram em adotar medidas concretas para enfrentar as mudanças climáticas. Diferente do Protocolo de Kyoto, que focava nos países desenvolvidos, o Acordo de Paris permitiu que cada país determinasse suas próprias metas climáticas (conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas, ou NDCs, em inglês), levando em consideração suas capacidades e responsabilidades.
Essa abordagem flexível foi um dos fatores que permitiu um consenso mais amplo, embora também seja uma das críticas ao acordo, já que muitas NDCs são consideradas insuficientes para alcançar os objetivos de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Mesmo assim, o Acordo de Paris marcou um novo capítulo na luta contra as mudanças climáticas, estabelecendo uma estrutura para revisão periódica das metas e para aumento de ambição ao longo do tempo.
Outro ponto central do Acordo de Paris é o foco na adaptação e resiliência. Além de reduzir as emissões, os países concordaram em apoiar financeiramente as nações mais vulneráveis para se adaptarem às mudanças que já estão ocorrendo, como o aumento do nível do mar, secas e tempestades mais frequentes. Isso inclui transferências de tecnologia, capacitação e ajuda financeira. Esse aspecto é crucial para garantir que os países mais afetados, que muitas vezes são os que menos contribuíram para a crise climática, possam enfrentar seus impactos de forma eficaz.
O Acordo de Paris busca não apenas manter o aquecimento global abaixo de 2°C, mas também promover esforços para limitar o aumento a 1,5°C. Essa meta mais ambiciosa reflete o consenso científico de que os impactos climáticos são significativamente mais severos com um aumento de temperatura superior a 1,5°C, especialmente para os países mais vulneráveis.
Além disso, o acordo estabelece um caminho para que os países revisem e aumentem suas metas climáticas a cada cinco anos. O objetivo é garantir que as ações se tornem mais ambiciosas com o tempo, à medida que novas tecnologias surgem e a conscientização sobre a gravidade da crise climática aumenta. Isso cria um ciclo de "escalada" de ações, fundamental para alinhar os esforços globais com o que a ciência demanda.
O Acordo de Paris também visa mobilizar recursos financeiros, com o compromisso de países desenvolvidos em oferecer US$ 100 bilhões anuais para apoiar nações em desenvolvimento na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, assegurando uma transição justa e equitativa.
O estado do Pará se prepara para receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. Essa edição promete ser marcante não apenas pelo cenário, mas pelo simbolismo de discutir a Amazônia dentro da própria floresta. De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a COP 30 atrairá mais de 40 mil visitantes nos principais dias, incluindo cerca de 7 mil membros da chamada "família COP", composta por equipes da ONU e delegações dos países participantes.
Para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, essa será uma COP diferente de todas as outras. “Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Vamos discutir a questão indígena, vendo os indígenas. Vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, destacou o presidente.
Essa proposta reforça a importância de levar ao mundo as realidades e as complexidades que envolvem a preservação da Amazônia e a luta climática, promovendo um debate que seja não apenas teórico, mas prático e enraizado no contexto local.
Apesar dos avanços que a COP trouxe ao longo dos anos, ainda existem muitos desafios pela frente. A implementação das metas do Acordo de Paris, o financiamento climático, e a necessidade de aumentar rapidamente as ambições globais são pontos críticos que precisam ser tratados com urgência.
Com a COP 30, o Brasil terá uma oportunidade inédita de centralizar a importância da Amazônia nas discussões globais sobre o clima. Este evento será um momento crucial para dar visibilidade às realidades locais e engajar o mundo em ações práticas para a preservação da floresta e o desenvolvimento sustentável da região. Em um contexto onde os impactos climáticos se tornam cada vez mais evidentes, a COP continua a ser uma plataforma essencial para unir governos, empresas e cidadãos em um compromisso compartilhado de proteger o planeta.
A COP 30 será uma oportunidade não apenas para refletir sobre o que já foi feito, mas também para redobrar os esforços em busca de um futuro mais sustentável.