Data

10 março 2023

Com inteligências artificiais capazes de criar artes complexas em um piscar de olhos, qual o papel dos designer no futuro e quais as consequências de suas ações no presente?

No último 04 de março, aconteceu o Design Degustação no Istituto Europeo di Design – o dia em que estamos de portas abertas para você conhecer o melhor do nosso design, com palestras, workshops e muitos debates relevante para se pensar nos desafios que os profissionais da área terão pela frente – tema esse que foi central na palestra de Natalia Kaupa, coordenadora do curso Future Studies & Trend Hunting, que aconteceu no auditório do IED SP.

Na palestra Design de Futuros, Natalia conduziu os presentes a uma série de reflexões sobre o futuro do design e como os designers se encaixam nele a partir de questões pertinentes do presente, onde a rápida difusão da Inteligência Artificial desempenhando em poucos segundos o trabalho dos profissionais da área se tornou uma preocupação para muitos.

Onde ficam os designers em tempos de Inteligência Artificial?

O Design evolui junto com as sociedade e, desde sua origem gráfica (sinais, símbolos e materiais impressos), passou pelo período de industrialização, com a criação de produtos inovadores, atingiu novos patamares enquanto uma ferramenta mediadora das interações humanas (serviços, experiências e interfaces), e chegou a projeção de sistemas, estruturação e organização de negócios, processos de educação e de governança.

Isso faz do Design uma etapa fundamental dentro do processo de criação de qualquer ideia inovadora, seja um produto ou serviço.

Sobre o receio de muitos de que seus trabalhos sejam substituídos por inteligências artificiais, Natalia trouxe uma perspectiva otimista. As IAs podem ser vistas como ferramentas incríveis para geração de ideias rápidas e para otimizar  processos na dinâmica de trabalho dos designers.

Qual é o papel do profissional de design no futuro e quais as consequências de suas ações no presente?

A partir desta provocação, Natalia ouviu diferentes visões de futuros, ligadas às questões atuais próprias de cada um dos participantes, mas que se mostraram como preocupações coletivas: como ficam os designer com o avanço da tecnologia e das IAs e como esses profissionais podem contribuir para solucionar questões latentes do presente relacionadas a preservação do meio ambiente e à justiça e igualdade social?

Dentro das diversas perspectivas levantadas, a professora apresentou alguns dos obstáculos enfrentados na hora de encontrar o caminho para um futuro mais desejável:

  • O problema envolve diversos atores com valores e prioridades diferentes

  • As raízes do problema são interligadas e confusas

  • O problema é difícil de entender e muda a cada tentativa de resolvê-lo

  • O desafio não tem precedentes

  • Não tem nada que indique a resposta “certa” para o problema

Somado a isso, a incapacidade de projetar futuros é, por si só, um problema de falta de imaginação, mas, sobretudo, falta de ação que nos leva a viver uma grande crise de previsibilidade, alinhada a um presente que gera seus próprios obstáculos. “Para que ir a Marte se não conseguimos nem resolver o problema da fome?”, brinca a professora. 

“Apesar dos sinais não serem favoráveis, eu acredito num futuro melhor. A partir do Design temos o potencial de projetar e criar futuros mais desejáveis para se viver, e para isso precisamos de caminhos bem definidos e novas narrativas”, afirma Natalia, que encerrou a palestra com algumas questões que podem ajudar a projetar outros futuros através da lente do design:

  1. Quais são os problemas que vamos enfrentar?

  2. Quais relações vamos ter? 

  3. Com quem vamos interagir? 

  4. Como vamos interagir e por quais sistemas e interfaces?

Ao identificar os obstáculos no presente, precisamos de designers para pensar em soluções criativas que sejam viáveis, factíveis, desejáveis e ecológicas. 

Quem é Natalia Kaupa? 

COO na WKS e Coordenadora do curso Future Studies & Trend Hunting no IED São Paulo, Natalia é observadora, imaginativa e boa ouvinte – habilidades que a guiaram e despertaram interesse no entendimento de possibilidades futuras e construção de novas narrativas. Designer com olhar de futuros, foi coordenadora da EISE, primeira escola de inovação em serviços do Brasil. Co-fundou a Wake Insights, onde trabalhou como designer e pesquisadora, atuando principalmente em projetos que envolvem educação em clientes como o Senac e Somos Educação.

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