Ano acadêmico
2020/2021
A profissão de Luthier mudou muito entre os anos de 1960 e 2020. Hoje em dia no Brasil, especificamente, os luthiers são chamados apenas para a regulagem de instru- mentos e raramente para fabricar um instrumento do zero.
Como a profissão é pouco conhecida fora do meio musical, consequentemente, a arte de fabricação de instrumentos não é muito valorizada. Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo reviver, ressignificar e revigorar a história e as memórias da profissão de luthier.
Utilizando métodos dedutivos de pesquisa e experimentações, com uma abordagem qualitativa de objetivos exploratórios, a autora fabricou um baixo elétrico inspirado nos baixos feitos e utilizados durante as décadas de 1960 e 1970, focando na parte de ‘handmade’ (fabricação à mão) e na customização.
Também, foi explorada a estética desta época com a expectativa de inspirar jovens mulheres e aguçar sua curiosidade em relação à profissão de Luthier, atribuindo um novo significado à arte de construção de instrumentos para a música e, de forma mais ampla à cultura brasileira.
A partir dos incômodos e dificuldades em tocar um baixo elétrico por muito tempo e em pé, a autora foi a campo e entrevistou diversos músicos e luthiers que relataram existir este problema. Também observou que a distribuição do peso poderia ser aprimorada a vim de evitar que o baixo fique "virando" (neck dive).
A criação de uma marca própria, concebida por uma jovem mulher baixista e designer, poderia tratar destes aspectos a fim de oferecer ergonomia, conforto e uma estética exclusiva.
A fabricação do modelo de baixo DLN Lava Bass se iniciou com um curso online de luthieria para fabricação de uma guitarra, da parceria entre Oficina de Casa e Pauleira Guitars. A autora também contou com a orientação do luthier João Cantisani durante o desenvolvimento do projeto para a fabricação do baixo.
A partir de pesquisas de baixos que já existem no mercado, foram selecionados alguns modelos cujos desenhos foram impressos em papel e colados em papelão em escala real para avaliação de seus formatos e proposição de um primeiro modelo.
Num segundo momento, com as orientações profissionais, o desenvolvimento do projeto considerou questões técnicas, a ergonomia, a redução e distribuição mais equilibrada do peso para aumentar o conforto durante a performance. Após várias explorações buscando estas respostas, o baixo sofre profundas transformações em suas curvas, nos chifres, com o braço na escala menor e agora com um headstock próprio.
O desafio se estendeu para a escolha da madeira e todas as implicações que poderia ter na qualidade do som e no peso do instrumento e a fabricação completa sob a supervisão de João. Foi um processo intenso e bastante exploratório que contou com a aprendizagem de técnicas e ferramentas de marcenaria e luthieria, especificação de suprimentos e peças especiais.
O protótipo acabou se tornando o produto final, com mínimos ajustes para uma segunda versão do baixo. A experiência de construir um instrumento do zero, segundo a autora, é uma arte inexplicável. E com esse projeto, ela espera inspirar jovens e apresentar a profissão de luthier e, sobretudo, estimular mulheres a ingressarem num campo predominantemente masculino.
Foi possível observar, durante a banca que foi composta por dois profissionais especialistas, a qualidade do produto desenvolvido.