Faces

Por André Victoria Bazan Orientado por André Caperutto

Ano acadêmico

2021/2022

Vestir-se é um ato de expressão e comunicação social. A moda nos proporciona leituras visuais do mundo, dos grupos, do indivíduo e de nós mesmos. E em seu contexto atual, vestir-se vai muito além de cobrir o corpo com artigos têxteis. Por esta razão, uma das vertentes de Trabalho de Conclusão de Curso do Bacharelado em Design de Moda do IED é focada em artefatos de moda.

Os projetos, neste caso, são orientados à construção de coleções que desenvolvam produtos para além da roupa, com experimentações de materiais rígidos que extrapolam o tecido, como metal, acrílico, madeira, etc…

O IED acredita que um designer de moda pode expressar sua inquietude criativa em diferentes tipos de entrega à sociedade, e por este motivo, coleções que trazem o protagonismo aos artefatos vestíveis não são apenas bem-vindas no espaço educacional, como são também incentivadas, no intuito de formar um designer mais completo, transdisciplinar e plural.

Uma coleção de artefatos de moda embasados na ressignificação da imagem do homem contemporâneo quebrando ideias, culturas dissimuladas e revogando a criação de utopias como forma de pertencimento e aceitação. Traz a ideia liberdade e instiga um novo olhar para o homem diante do uso de artefatos de moda na sociedade que vive.

Desde pequeno sempre tive um comportamento que divergia da maioria dos meninos da minha idade pelo simples fato de não querer seguir o que acreditavam, e acreditam até hoje, como padrões vindos de toda pressão social. Escolher as próprias roupas já revelava muito de quem viria a me tornar, o André nos dias de hoje. O comportamento disposto tinha uma consequência ser julgado. Na época, percebia que alguns amigos e familiares olhavam com desdém e faziam comentários sem qualquer sentimento e respeito, mas, segui em frente do meu jeito e o comportamento de algumas pessoas foi me servindo como resposta e incentivo para criar e aproveitar as oportunidades que foram surgindo.

Esse projeto é mais uma resposta para as questões vividas e ainda observadas dentro da temática - A ressignificação da imagem do homem. Desmistificando e desvendando o quanto tóxico e prejudicial é a cultura e o idealismo machista e ditador à frente do homem.

O processo de pesquisa, principalmente das materialidades, confesso que veio "cedo", desde o meu primeiro projeto desenvolvido na faculdade. Sempre me brilhou os olhos criar fossem peças de roupas ou artefatos com materiais não usuais a moda e mostrar o quanto também o descarte de muitos materiais quando descartados de forma correta podem ganhar uma nova vida, uma nova função. Um exemplo que sempre dito por mim, é o desenvolvimento do meu primeiro artefato de moda que nada mais foi que uma bolsa feita com câmara de pneu, revestida com madeira e em sua finalização contou com aviamentos.

A partir de então, quando na conclusão do meu curso, no momento que escolhi a vertente de Artefatos de Moda para desenvolver minha coleção de conclusão de curso, uma parte do FACES obrigatoriamente seria desenvolvida com materiais inusitados mesclados e combinados ao "comum" ou melhor o que já se vê no mercado, dando mais autoridade, personalidade e força para as peças. Podendo citar entre esses materiais: grade de aço que se tornou uma coroa, tampas de calha que tornaram texturas de um dos óculos de sol da coleção, pederneiras que viraram joias até as lentes dos óculos que foram feitas de viseiras descartadas. Devem-me perguntar onde embasei o meu projeto. Foi através de muitos livros, artigos, pesquisas de campo, conversas com personalidades e profissionais do mundo corporativo, artes e moda junto de vivências e experiências pessoais.

A coleção foi desenvolvida inicialmente com 110 criações entre elas temos, desenhos de joias, óculos, bolsas, mochilas, correntes, adereços de cabeça, adereços que são multiuso e peças que se transformam apenas em um "click".

As descobertas foram diárias durante o desenvolvimento e até após a entrega do projeto porque acredito que o FACES não acabou, não nasceu para ser uma coleção a ser datada por primavera/verão ou outono/inverno ou apenas a primeira desenvolvida por mim mas sim um estudo, uma roda de conversa e interagir com todos que se identificarem com a coleção e os propósitos que ela carrega.

FACES ganha relevância e adequação ao cenário atual por ser um trabalho que visa questionar e provocar a masculinidade vigente e perpetuada pelo machismo estrutural. Traz à tona, através de pesquisas e estudos, os questionamentos do que venha ser o "homem".

Artifacts and Fashion Designer

André Victoria Bazan @andrev.bazan

Styling

André Victoria Bazan @andrev.bazan
Annelise de Quadros Bezerra @annequadros_

Produção de Moda

Acervo Pessoal e Ellus

Assistência Geral

Maria Beatriz Mogioni @mabemdn
Isabella Antico @isabellaanticoo

Fotografia

Fabio Buero @fabiobuero
Guilherme Guimarães @gvazguimaraes
Murilo Stabile @mukastabile

Fashion Film

Guilherme Yoshida @guiyoshida
Kim Oliver @kimolivierr