Ano acadêmico
2020/2021
AD AETERNUM: MATERIAIS DESENVOLVIDOS COM O CORPO, A MODA E A MORTE da nossa aluna Bianca Augusta Penhas Zagolim, finalistas da 11ª edição do Brasil Design Award – BDA’21 na categoria #DESIGNdeMODA.
O projeto consiste no desenvolvimento de materialidades alinhadas ao design circular e tem como matéria prima o descarte têxtil. Relacionando corpo e moda, a velocidade que rege relações humanas e seus objetos, chegou-se à pergunta: o que não tem fim, na moda e no corpo? Efemeridade, lixo, tendências, produção massiva de coisas, e de não coisas.
O material desenvolvido é alternativa para fabricação de roupas, acessórios e jóias, podendo ser adquirido por empresas do segmento slow fashion, dando destino a sobras de tecidos e modelagens que geralmente são descartados.
A geração de desejos e ansiedade, características intrínsecas ao homem e à moda.
Através do processo de eternização do corpo póstumo, prática comum em algumas culturas, foi possível eternizar os tecidos já existentes. O material desenvolvido é alternativa para fabricação de roupas, acessórios e jóias, podendo ser adquirido por empresas do segmento slow fashion, dando destino a sobras de tecidos e modelagens que geralmente são descartados.
Ponto de partida na inquietude com a quantidade de lixo gerada pelo sistema da moda, na confecção das peças e na sua efemeridade, característica do produto e das vontades humanas, em um contexto ditado pela velocidade, e pelo consumo.
Entendendo que a moda pode ser parte integrante do corpo construído em sociedade, assim como explana a teoria das cinco peles de Hundertwasser, os processos que eternizam o corpo póstumo humano, podem vir a eternizar produtos de moda, gerando materiais que hão de ser eternos.
Para tanto foi usado o processo de mumificação do antigo Egito como base de procedimentos para criar uma nova possibilidade material para o lixo têxtil.
O processo de mumificação consiste basicamente em três etapas: a salinização, a resinagem e o enfaixamento. Para unir os tecidos descartados foi utilizado o processo da resinagem e manipulado, em relação direta, para obter a gramatura desejada no produto final.
O material resinado em algumas propostas resulta no produto final, em outras, serve como base para o corte a laser a fim de produzir peças de bordado e paetês, produtos que, em maioria, são desenvolvidos pela indústria petroquímica.
Os canutilhos têm como molde canudos descartados, oriundos de uma parceria com um restaurante, que foram enrolados com esses tecidos resinados e cortados. As bandeiras foram construídas com técnicas ancestrais de produção como: o tear de pente, o crochê e o macramê para valorizar a memória do ofício.
As materialidades desenvolvidas usam como base matérias primas não virgens e podem ser base para serem re-inseridas no processo, tendo vida útil circular, tudo pode ser reutilizado em outra proposta e já é previsto no desenvolvimento, ou seja, é um processo em que o "lixo" está planejado no design.
Tendo sua principal relevância em ser um material que minimiza o descarte, e propõe um modelo de negócio sustentável ao longo prazo, uma vez que o planeta urge por iniciativas que amenizem o impacto causado pela existência humana.